terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

vida longa aos cusqueños: preservar também é preciso!

Duvido que encontremos um povo mais acolhedor e amistoso quanto aos moradores daquela que um dia se pensou ser "o umbigo do mundo": a saber, Cuzco, em especial, seu povo, os anacrônicos cusqueños.
Não é de se estranhar que o termo anacrônico seja normalmente adotado de um modo pejorativo, na maioria dos casos para ferir a honra de um povo ou de alguém indiscriminadamente. Pois, num mundo em que o "ontem" virou notícias de "anteontem", em que as pessoas de mais idades são tratadas como sapatos velhos e portanto condideradas descartáveis, enfim, nesse contexto, ninguém quer ser rotulado de anacrônico.
Mas o uso aqui adotado remete a outro sentido, somada, é bem verdade, a uma pretensão provocativa. Afinal, nem toda a mudança deve ser saudada. Certos valores como a prática do acolher bem aquele que chega de outra parte, o permitir ser amigo e parceiro, ainda que as distâncias culturais a princípio dificulte, mas que nunca represente qualquer espécie de preconceito e/ou xenofobia, são expressões de vida que precisamos preservar ou em alguns casos germinar. Nessa matéria, os cusquenõs são mestres.
Estive em Cuzco por quase sete dias. Sim, não são sete anos (como "aquele" que visitou o Tibet), mas foi o suficiente para perceber que uma cidade se torna especial não apenas por seus monumentos, museus e outros atrativos, mas pela forma como seu povo se trata e recebe seus visitantes: em Cuzco me senti como se estivesse no quintal de minha casa!
Se para o forasteiro falta-lhe o ar para suportar as suas longas escadarias, do mesmo modo que, se os impactos imediatos de sua altitude apequena seu visitante, seu povo, em contra partida, aquece os corações daqueles que a encontram e nos faz crêr que em meio a esse "trem desgovernado" que se tornou o mundo, existe um povo que insiste em querer preservar um determinado viver (que só é passado para aquele que não o compreende), uma gente que não desiste de pedir "paciência"...e que um "Holá amigo!" não pode ser usado como uma mera expressão rotineira.
Espero que este mundo ainda pague a devida  "propina"  que deve para esta gente!